Irmão mais novo

Eu odiava ser filha única. Sempre pedia para meus pais um irmãozinho ou uma irmãzinha. Daí quando a gente briga, penso: Por que não pedi uma bicicleta pro papai Noel? hehehe.
Como falei no meu texto de apresentação, ele se chama Alexandre. Amo meu irmão, mas a diferença de idade atrapalha um pouco. Gostaria de ser mais amiga dele, gostaria que tivesse mais união. A gente se dá super bem, apesar das diferenças, nada de anormal, né? Ele é homem, tem 18 anos, está no 3º ano do ensino médio, não sabe o que fazer da vida, na duvida não faz nada. É evangélico, e está solteiro. Meninas, um belo partido, além de ser gato. Gatíssimo. Eu, além de mulher, sou 8 anos mais velha, sou Kardecista, estou noiva e quase pós graduada. Totalmente diferente.
Além dessas diferenças, irmão mais novo, sempre tem regalias que o mais velho se matou para conquistar. O mais velho é sempre usado de cobaia, não tem jeito. Ainda mais quando o mais velho é a mais velha. Quando a mulher é mais velha, o pai é mais ciumento, apesar de que o meu é um sossego. Ele sabe o futuro que o aguarda. Passa a ser fornecedor. Eu acho que todo homem merece ter filhas e irmãs. E daí vem o mais novo, é homem, leva o nome da família para frente, e a mãe faz tudo por ele (minha mãe sempre fez – e faz – tudo por mim), mima, leva, busca, trás, pergunta o que quer de almoço, prepara o pratinho, só falta fazer aviãozinho, hahaha. Quem conhece a dona Liu, sabe que não estou exagerando, muito menos com dor de cotovelo. E o mais novo, abusa! Cansei de brigar com minha mãe, falando que ele já é homem, já tem o saco peludo! Daí minha mãe fala: Ai, Helena, que coisa feia. Feia? Feio seria se não tivesse.
Ah, enfim, eu também trato meu irmãozinho como se fosse um bebê, mas com limites. Quando acho que ele abusa, não vou buscar, não vou levar, nada. Já passou da hora de tirar carta de motorista, para devolver os favores que fiz. Afinal, são 8 anos de diferença, eu tirei carta aos 19 anos, tenho 26, eu mereço, no mínimo, 7 anos de carona. Ele é tão sortudo (como todo irmão mais novo) que vou casar e mudar antes dele tirar carta. Mas a minha vingança se chama Letícia, ela vai fazer com que ele seja seu motorista particular. E eu vou assistir de camarote, V.I.P.
Quando morávamos no “apertamento”, dividíamos o quarto e sempre brincávamos de vaca amarela, de adivinhação e de falar o maior números de palavras com a mesma letra dentro de um contexto, aquela brincadeira do banquinho do Raul Gil – o que tem no quarto com a letra A? Almofada, Armário... Lembraram? Isso quando não virava zona e um pulava na cama do outro e falava que ia dormir lá, e roubava o edredom, um fazia cócegas no outro e tomávamos bronca, colocando a culpa no outro e dando risada.
Bom, pra terminar, quero que fique bem claro, que meu irmão é tudo na minha vida, foi um dos presentes divinos que ganhei e sei que às vezes perco tempo brigando com ele, por coisa pequena. Mas a gente mal briga. A última vez, antes da última, faz tanto tempo que nem sei. E essa última foi recente, mas não vale a pena. Que briga vale a pena? Mas brigas nunca valem a pena, acontece que pessoas são diferentes, pensam diferentes, agem diferentes. E sempre é por coisa boba. Mas quando brigamos (seja com quem for) é porque nos importamos com essa pessoa. Só louco briga com gente que não ama.
Eu amo meu irmão, e quero brigar para sempre com ele, por que o dia que não brigarmos mais é por que o amor acabou ou por que morri. Prefiro a segunda opção.