quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Lavínia


Não faço ideia do que é ser mãe. Ainda é surreal. Tão normal ver os outros com filhos, tão fácil, hehehe.
Como pode um serzinho tão pequeno, tão indefeso vir para este mundo? Ter, pelo menos, uns 80 anos pela frente. Eu to aqui há quase 30 e ainda não sei de nada, vou morrer sem saber.
Bom, faltam 4 semanas para a vida recomeçar. A da minha filha começar e a minha dar um giro, entrar em órbita, sei lá, mas nunca mais igual. Nunca mais vou ser sozinha, nunca mais vou poder ligar o foda-se, não vou mais ter 5 minutos de insensatez e sair de casa sem rumo.
Não poderei mais falar para uma amiga: Olha, já que a gente não ta fazendo nada, que tal ir pra Santos? Sei lá, comprar tranqueiras na feirinha hippie e depois ir numa balada, depois da balada a gente vê o que faz.
Nem pra o Marcos: tá todo mundo em Ubatuba neste carnaval... Você chegou de viagem agora, já passou da meia noite, ta afim de ir pra Ubatuba? E quando chegar lá, perceber q esqueceu as roupas e passar a semana com 2 bermudas (uma emprestada do irmão), e cueca? Que cueca?
Agora é: Nós vamos ter mesmo de viajar daqui 2 semanas? Ok, então preciso falar com o pediatra, olhar a previsão do tempo, organizar as roupinhas, ver se tem fraldas suficiente, etc, etc, etc. E para quê? Para desmarcar a viagem um dia antes por que a neném ficou gripadinha.
O mundo gira em torno do umbiguinho dela, desde quando descobrimos que ela existe. Ela era uma micro bolinha de 8mm e um pisca-pisca, piscando forte e em alto e bom som.
Aí é contagem regressiva, são 40 semanas (9 meses para os leigos, que um dia deixarão de ser) contadinhas no relógio. Não vemos à hora de ir ao médico, de fazer uma ultrassonografia.
E daí quando o neném ta maior, você consegue ver o rostinho, o pezinho, a mãozinha. E a vontade de saber o sexo? Até saber é todo mundo vidente, tem bola de cristal, sonham, fazem previsões, é uma festa.
No meu caso, não sei por que as pessoas acharam que eu não tinha capacidade para cuidar de uma menina. Eu já sabia que era menina, mas preferi ficar calada. Até o Marcos sonhou que era menina, mas não quis acreditar. Aliás, por falar em acreditar, a tabela chinesa, que ele não queria nem saber, quando vimos que seria menino, ficou todo empolgado, coitado, hehehe.
As pessoas que falavam que seria menina, falavam com uma certeza tão certa, tão absoluta, que chegariam a apostar o preço que fosse. Já as que falavam que seria menino, todas, sem exceção, falavam: não, sei, toda vez que eu acho uma coisa é outra.
Eu sempre sonhei que era menina, e quando sonhava com menino, eu tinha a nítida sensação de que não era meu.
Bom, também não sei por que não acreditavam quando eu falava que iria me casar com o Marcos e que teríamos uma menina.
Enfim, agora vou brincar de boneca, só que de verdade.
Adorei.

2 comentários:

Marcela disse...

Lindo texto!!!
Estav acom saudades de ler coisas por aqui!!!
Bjos

Laka disse...

Eu, ao contrário, sempre pensei que seria mãe de menino e até fico meio perdida ao imaginar ser mãe de menina!
Mas ainda falta um tempão pra isso acontecer, espero! hehe!
Parabéns, mamãe!