quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Casados X Solteiros

Brincadeiras à parte, o chato de casado é fazer compras de mercado, lavar louça, roupa, estender roupa, tirar do varal (ainda improvisado), separar as calcinhas das cuecas e guardar no guarda-roupa. Guardar ou jogar lá dentro e fechar a porta, apagar a luz, ir pra sala ver TV?
Parece um reinado: A preguiça impera. A má vontade é conselheira. A falta de vergonha na cara é o bobo da corte. E os espíritos de porco são os plebeus.
Eu e o Marcos odiamos, com todas as forças, fazer serviços domésticos. Quando eu não trampava e ficava sozinha em casa, sentia vontade de sumir pra não ter que ser “do lar” que hoje é expressão pejorativa, ridículo, mas deixa essa história pra depois. Daí, catava o carro e ia pra casa da minha avó, da minha tia, ou ia pra praia, sentir a brisa, ouvir o mar, adoro! Voltava pra casa um pouco antes do Marcos, fazia um jantar legalzinho, na medida do possível, pois nunca nem fervi água, meus ovos sempre são mexidos, por que sempre quebro a gema. É triste! E eu pensava: não quero essa vida, não quero que o assunto mais emocionante que eu tenha com meu marido seja:
- Amor, você não acredita no que aconteceu hoje! Eu fui lavar a louça, né? E vi que não tinha detergente, menino. Tive que sair pra comprar! Daí, nossa, quando cheguei no mercadinho, esse daqui da esquina da rua de trás, tinha um bêbado caído no chão. Não é um absurdo? Bêbado às 3 da tarde? Daí no mercadinho não tinha o detergente neutro, comprei o de limão, mas daí eu comprei o da outra marca que é mais barato pra economizar, mas preciso de luvas, pra não estragar a minha mão, que é um horror mão de mulher mal feita e áspera, você não acha? Hein? Você dormiu!?!? Amor... Neném... Hei, Marcos... CARAMBA MARCOS TO CONTANTO O QUE ACONTECEU COMIGO E VOCÊ NÃO ME DÁ ATENÇÃO? Você não dá à mínima pra mim, eu não sirvo pra nada mesmo, né?
E a “conversa” continua.

Você que está lendo, sentiu que o assunto ta cruel, né? Imagina pro coitado do meu marido, não há casamento, hoje em dia, que dure com esse papo! O cara se mata pra trabalhar, chega exausto em casa e ainda tem que ouvir isso.

Graças à coragem da minha chefa, que leu meu blog, estou empregada. O Marcos agradece.


Bom, mas alguém tem que fazer o serviço sujo, organizar a vida. E lá vai o casal mais feliz do mundo, fazer uma planilha para ordenar a semana, que dia é de quem para lavar roupa, limpar o banheiro, varrer a sala, etc. A Planilha está quase pronta e está quase tudo certo pra começar. “Quase” é a palavra que mais se fala e, consequentemente, mais se ouve, no
reino descrito à cima.
Agora temos que ir num lugar super romântico, que nós dois a-do-ra-mos: supermercado.

Começando pela lista: o que tem e o que não tem na casa? O que é realmente importante? E a lista começa com alimentos, depois passa para produtos de higiene pessoal, de limpeza e termina com alguma coisa totalmente inútil, fútil, mas é o que a gente mais quer: paio, salsicha, hambúrguer, cenoura, cebola, batata, pizza, pão de forma, bolacha, macarrão, molho de tomate,
queijo ralado, queijo prato, salame, peito de peru, suco, desodorante, sabonete, xampu, detergente (ah, o detergente! Não quero ver bêbados às 15h no mercadinho da esquina da rua de trás).

Acabou tudo da lista? Ótimo. Vamos pagar!
-Neném, vamos pegar essa bolacha aqui? Tem gotinhas de chocolate, delícia!
- Beleza, vou pegar esse refri de 600ml, ta?
- Ótimo!
Ah, e ainda não aprendemos ir ao mercado sem fome, sempre vamos antes de jantar. É sério e negócio, sempre achamos que é idiota, mas tudo dá fome. Tanto que o item inutilidade é o primeiro que a gente consome, na fila pra pagar. Ai, a fila, que desespero! Estamos na fila do “até 20 itens”, sei lá eu se tem se não tem 20. Eu chuto, mas com noção e respeito aos outros. Acho que até 30 vai. Teve uma mulher que ficou louca da vida por que a moça do caixa falou q ela tinha mais de 20 itens. E tinha mesmo, ela contou na minha frente: 23! E a mocinha fez a coitada ir pra outra fila. Uma funcionária dessas deveria perder o emprego e nunca mais trabalhar na vida. Se fosse comigo, a coitada seria a funcionária! O mercado não tem noção do escândalo que eu ia dar.
Depois de duas horas perdidas no mercado, vamos preparar o jantar para que sirva de almoço amanhã.
Toca o telefone:
- E ai, Marcão? Vamo assistir o jogo no buteco!
Larga as coisas pela metade e simbora pro bar!
De volta, tomei banho, fui dormir. Acordei e num passe de mágica, meu almoço já estava até separadinho.
Hoje é dia de lavar roupa, varrer a sala, passar pano na cozinha...

*** ***
A vida de casado é boa

Mas ser solteiro é que é legal
A vida de casado é fogo
A do solteiro é carnaval

Eu já estive lá e sei
É sempre aquela vidinha
Casado leva vida de rei
Mas tem que obedecer a rainha.

Vamos namorar, a vida é curtição
Casamento, nem pensar
Nana-nina-nina-não
(Velhas Virgens)

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